“Nosso Povo, Nossa História”

 

 

1930 – Companhia Territorial Sul Brasil – A origem do nome do município

Na década de 30 se ampliou o programa de migração dos governos estaduais de Santa Catarina e Rio Grande do Sul com parceria de empresas. O acordo se resume da seguinte forma: o governo vendia a terra para as empresas – companhias territoriais – com um preço acessível e, em troca, as companhias negociavam as áreas com colonos e eram responsáveis pela abertura de estradas. O recrutamento e povoação do Imóvel Xapecó, incluindo o território de Sul Brasil, foi de concessão da Companhia Territorial Sul Brasil, que durante o fortalecimento do vínculo com a comunidade de colonos foi homenageado emprestando seu nome à localidade, passando por vila, distrito e enfim Município de Sul Brasil. 

   
1949 – Doutor José Leal Filho inicia vendas das terras de Sul Brasil

Nativo de Porto Alegre, e instalado em Maravilha, o advogado José da Silva Leal Filho, mais conhecido em todo Sul do país como Poeta Juca Ruivo, foi o administrador local da Companhia Territorial Sul Brasil. Sua administração abrangeu a linha de colonização que percorria parte de Chapecó, São Carlos e Maravilha, incluindo o então distrito de Modelo, onde estava localizada a vila Sul Brasil. Era ele quem contratava agrimensores, vendedores de terra e também quem fazia contratos com os colonos. Além da função administrativa, se destacou como poeta e cantor do estilo gauchesco. Faleceu em 1972, sem realizar o sonho de morar de fato no Oeste catarinense. Doutor José Leal Filho foi digno de receber a homenagem do povoado de Sul Brasil, que tomou seu nome emprestado para nomear a principal avenida da cidade. 
 

1952 – Abertura braçal de estradas de Sul Brasil

Pode ser difícil imaginar, mas foi comum o mutirão entre colonizadores para a abertura de estradas. Inicialmente, o serviço era totalmente braçal e feito com o serrote, picão, enxadão, enxada e facão e logo veio o arado à tração animal para nivelar o solo. A evolução da época ocorreu no ano de 1952 quando um trator de esteiras chegava à região para facilitar o trabalho, sendo que esta máquina trabalhava nas terras que iam dos municípios de São Carlos até Modelo, incluindo a vila Sul Brasil. O trator fazia apenas o “trabalho grosso” e, o arremate, continuava por conta dos colonizadores. Maioria dos 300 quilômetros de estrada pertencentes a Sul Brasil na atualidade foram abertas desta maneira, e calejaram incontáveis mãos colonizadoras.

 

 

   
1954 – Benjamim, Vitorio e Hugo: Os Três Amigos

Em Guaporé – RS, eles já se conheciam e eram amigos de infância, se isso não bastasse, seus vínculos aumentavam com o parentesco. Benjamin Stocco, Vitorio Ferrari e Hugo Begnini viveram suas vidas inseparavelmente. No município gaúcho cada um constituiu sua família, e algo em comum existia entre eles: o desejo de prosperar. Com esse propósito, em 1954, ariscaram uma viagem de seis meses até chegar até a atual localidade de Linha Três Amigos – Sul Brasil. Todos eram casados e tinham filhos quando foram os primeiros a habitar o território. A dificuldade era grande, mas eles improvisavam, como durante o primeiro ano, as três famílias moraram juntos, na mesma casa feita de madeira lascada, localizada no meio da mata nativa. Benjamin faleceu recentemente e os três amigos estão juntos novamente, olhando com orgulho para a prosperidade da comunidade que acontece exatamente como sonharam.
   
 

1960 – A estadia do progresso na casa dos imigrantes

Na colonização da região, havia geralmente, uma casa dos imigrantes. Como o nome condiz, a casa hospedava os recém-chegados à nova terra. O registro fotográfico é de 1960, década de fervor do desbravamento do território que hoje é Sul Brasil e que recebeu as primeiras cinco famílias em 1943. A necessidade da Casa de Imigrantes se dava pelo fato de que os colonos ocupariam terras cobertas pela mata virgem e enquanto preparavam a lavoura para a primeira safra e construíam sua casa em meio às dificuldades, tinham um abrigo provisório na casa para os imigrantes.  E durante e depois desse rodízio de ocupação, as famílias prosperavam suas áreas de terra, seus povoados e hoje, por consequência daquela acolhida, cultivam progresso preservando, durante as vindouras gerações, a hospitalidade recebida uma casa de imigrantes.

   

1962 – Chega a Modelo primeiro dentista que atende em Sul Brasil

Na década de 60, enquanto maioria da emigração recebida na região era feita por colonos, Lucas Müller chega ao recém-fundado município de Modelo para atuar como dentista prático. Foi por acaso que Lucas deixou Santa Cruz do Sul e se fixou no município modelense. Seu irmão Walter exercia a mesma profissão, atendendo Modelo. Walter faleceu e Lucas veio temporariamente terminar o trabalho do irmão que estava em andamento. Lucas, a esposa Griseldi e os filhos se encantaram com Modelo, com seu povo, sua energia elétrica e água encanada. Era melhor morar aqui do que ficar no Rio Grande do Sul com luzes de lamparina e puxando água de balde. Logo ao chegar, Lucas se prontificou a atender o povoado de Sul Brasil, onde por mais de dez anos, duas vezes por semana, no lombo do cavalo e depois de jipe, descia o moro para atender o povoado em seu consultório improvisado no bar, hotel e bolão de Almário Höff. Com a chegada de dentistas formados, os práticos como Lucas foram proibidos de exercer a função.

1967 – Primeira trilhadeira de Sul Brasil faz roteiro em lavouras

Agostinho Onghero é um historiador fanático que conhece com riqueza de detalhes a história de Sul Brasil. Mas ele também tem a própria história, e um dos capítulos é marcado pelo trabalho que desempenhou na companhia da junta de bois e de sua trilhadeira de grãos, a primeira e única por muitos anos. A função de trilhar milho, feijão, trigo e outros cereais acontecia praticamente o ano todo e Agostinho e sua trilhadeira iam cumprir o serviço. O trabalho era dificultoso e exigia alguns sacrifícios, inclusive o de ficar toda semana longe de casa. O tempo passou, novas trilhadeiras chegaram à região, e a máquina modificada pelo progresso hoje se chama ceifa. 

1968 – Empresa 3 Amigos abre primeira linha de ônibus

Ousadia é uma palavra que define bem Agostinho Onghero, o sulbrasilense que gosta da história e de fazer história. Ele e o filho Ivo, residente em Linha Três Amigos, adquiriram o primeiro veículo de transporte coletivo de Sul Brasil. O trajeto do ônibus começava em Irati, passava por Linha Três Amigos, fazendo diversas paradas e parando em Modelo. Era comum o ônibus estar lotado. Os passageiros utilizavam esse transporte para diversas finalidades, sendo em razão do hospital, visita a conhecidos e familiares, mas principalmente do comércio. O ônibus foi, por muitos anos, o único nas redondezas que fazia excursões, principalmente ao Rio Grande do Sul.   

 

1970 – Churrasqueiros da festa do padroeiro de Sul Brasil

A tradicional Festa de São Roque reúne multidões há décadas no município sulbrasilense. No ano de 1970 foi realizado o evento para comemorar a construção do pavilhão comunitário. Na ocasião 700 quilos de carne foram assados no chão batido e com espetos de madeira colhidos na beira dos rios. Os churrasqueiros daquela festa tiraram alguns minutos daquele dia para pousarem para a foto que hoje rende uma boa história e recordação. Ernesto Haas não quis ficar de fora e aparece no canto esquerdo de um jeito engraçado. Em pé estão: Alexandre Roos, Fioravante Albani, Alcides Basso, Silvestre Cecatto, Pópo Saugo, Alvino Henrique Spies (Sona) e Gentil Cecatto.  E sentados: Valdemar Schuh (doador da fotografia), Francisco Liston, Barcelides Meneghetti e José Zimmer. A festa é tradicional e tem dessas histórias de uma comunidade unida, alegre e religiosa.

 

1970 – Posto Ypiranga se instala em Sul Brasil

O primeiro posto de combustíveis do território de Sul Brasil, foi aberto em  1970, pelo casal de comerciantes Dorvalino e Odila Feronato e o filho Diogo. O Posto Ypiranga tinha estrutura mínima possível, apenas uma bomba de gasolina e tocada à manivela. Apesar de na época, esse distrito de Modelo ter poucos carros, o posto chegou para atender uma grande necessidade e, além de carros, abastecia caminhões que em sua maioria era movidos à gasolina. O posto e seus fundadores se separaram, cada um com seu destino, os Feronato se mudaram para Pinhalzinho e o posto teve outros proprietários sendo hoje filial da Cooperitaipu.

 

1975 – Piquenique entre alunos e professora Loreci Hübner

Houve o tempo em que toda comunidade tinha pelo menos uma escola e uma igreja, e bem comum era tê-las funcionando em mesma construção. Na Linha Progresso – Sul Brasil, a escola foi construída em 1963 e ficou aberta até 1998. Pela única sala de aula desta escola passaram 620 alunos e destes, 480 tiveram a mesma professora, Loreci Hübner. Naquele tempo professora dava aula para duas turmas na mesma sala de aula, utilizando o mesmo quadro negro. E além de ensinar a didática escolar, a professora era cozinheira, faxineira, jardineira e cuidava da horta da escola. As escolas isoladas atendiam com aulas da 1ª à 4ª série. Em um dia de aula do verão de 1975, os alunos da escola participavam de um piquenique quando o fotógrafo André Maura da Silva, que residia na redondeza, flagrou a professora e as crianças brincando de “Ciranda, Cirandinha” e fotografou para eternizar aquele momento. 

1978 – Sul Brasil é sede do Governo de Modelo

Na administração de Dércio Knop, de 1977 a 1982, o prefeito e o vice-prefeito reservavam 30 dias de governo por ano para cada vila. Sul Brasil recebia a prefeitura no Salão Comunitário São Roque. A vila possuía alguns representantes que contribuíam com as ações. Na foto, da esquerda para direita, estão: Valdir Baldin, ajudante do prefeito; Valdemar Schuh, líder comunitário; Dércio Knop, prefeito; Noel Damo, líder comunitário; Ivo Müller, vereador; e Agostinho Onghero, líder comunitário. 

  1979 – Time do Esporte Clube Palmeiras de Linha Progresso

Com destaque do município e aparições na região, o Esporte Clube Palmeiras de Linha Progresso coleciona muitos títulos e histórias. Fundado na década de 60, o clube viveu um de seus auges no final dos anos 70 e início dos anos 80. O registro fotográfico mostra uma das equipes da Linha Progresso antes de mais um jogo. Em pé, da esquerda para direita, estão: Nelson Silva, Cleodir Reginatto, Rogério Paini, Arlindo Paini, Dorvalino Tosetto, Carlos Krauzer, Walmir Kirch, Orides Devens e o treionador Neco Paini. Sentados, da esquerda para direita, estão: Valdir Polaco, Valde Hübner, Valdir Devens, Paulo da Silva, Melo da Silva e Vilmar Hübner.

  1980 – Construção da “ponte velha” sobre Rio Pesqueiro

Em época que fotografia era registrada só em ocasiões especiais, ocorreu o clique que marcou a construção da obra de ligação entre Irati e Sul Brasil sobre o Rio Pesqueiro. O fato envolveu moradores dos dois lados do rio e o mutirão teve praticamente participação de todas as famílias vizinhas ao local que uniram forças para dar vida a este sonho que prosperou os municípios.  A ponte está lá até hoje somando diversas destruições e reformas, além de muita história. Até poucos dias esta ponte era o único caminho para escoamento de produção agrícola e passagem de pessoas no eixo de Sul Brasil-Irati e pelo menos mais nove outros municípios dos dois lados do rio. Porém, há poucos quilômetros dali, foi construída a “ponte nova” que já recebe trânsito de veículos e dá um novo acesso sobre o Rio Pesqueiro nas divisas de Sul Brasil e Jardinópolis. E para a ponte construída há 34 anos resta continuar sua missão de prosperidade e locomotividade, só que agora  rotulada como “ponte velha”.

  1980 – Encenação de Páscoa emociona católicos

    Os jovens do início da década de 80 promoveram a encenação de Páscoa em Sul Brasil. Centenas de cristãos lembraram o julgamento, paixão, crucificação, morte de Jesus Cristo em uma inesquecível celebração do Grupo de Jovens – Jucasbi. Como destaque Jesus Cristo, interpretado por Gilmar Onghero, que carregou a cruz e guiou a multidão até ser crucificado. Os quarentões de hoje recordam com alegria e saudades dos aplausos recebidos e das lágrimas derramadas pela emoção daquele momento em que protagonizaram uma das mais lindas e autênticas representações religiosas. A encenação foi tão boa e não morará somente na memória de quem participou naquele dia, pois havia um fotógrafo que se dedicou a materializar aquele dia que relembrou um pedaço da história do filho de Deus que se eternizou. 

1980 – Padre Egídio Balbinot é ordenado em Sul Brasil

Ele foi o único da turma de 60 seminaristas a seguir a carreira religiosa. Egídio Balbinot tem suas raízes em São Valentim – RS, aos 12 anos entrou no seminário de Erechim, onde estudou por sete anos. Durante essa trajetória, sua família acompanhou a leva da migração e parou no Distrito de Sul Brasil, município de Modelo. O dia 27 de janeiro de 1980, ficou marcado na história de Sul Brasil, pela grandeza do evento, da ordenação do padre Egídio. O padre atuou no estado do Maranhão, depois veio para Chapecó, Guaraciaba e hoje, já com mestrado em Liturgia, está no município de Descanso. Egídio também é conhecido pela habilidade artística, onde se destaca na pintura. 

   

1983 – No tempo de Modelo, Sul Brasil elege cinco vereadores

O Distrito de Sul Brasil sempre teve representantes na Câmara de Vereadores de Modelo, mas de 1983 a 1988 se superou. Dos nove vereadores, cinco residiam em Sul Brasil. João Derli Michels morava na Linha Três Amigos, Fiorelo Deoti na Linha Lajeado Uru, Idalino Tosetto na Linha Barra Escondida, Laudelino Hammerschmitt e Elias Zenatti eram comerciantes e residiam na vila. Foram esses cinco parlamentares que alavancaram a emancipação do Distrito de Sul Brasil o ocorrera em 1991. E junto com o prefeito Valdir Baldin e vice-prefeito Egídio Kasper, esses vereadores eram as principais lideranças políticas em um mandato incomum, que durou seis anos e atuou paralelamente à passagem do Regime Militar ao país democrático.

 

   2015 – Os 40 anos da dupla Rouxinol e Araçari

 A viola fala nas mãos de uma das duplas consideradas ícones da música caipira regional e para acompanhar o som deste instrumento, as vozes se afinam e mexem com as raízes brasileiras. Desde o ano de 1975, Dirceu Valentini (Araçari) e Adão Orides de Lima (Rouxinol), do município de Sul Brasil, dividem a mesma paixão para multiplicar o bom gosto musical. O nome da dupla é sugestivo, Araçari é uma ave maior do que o normal, já o Rouxinol é um pássaro de pequeno porte e com canto sublime. A história da dupla começou com Adão, que na época já era bom no dedilhado e foi procurado por Dirceu que queria aprender tocar violão. O aluno logo virou parceiro e a história inicial já dura 40 anos influenciando gerações com o bom gosto musical.